Sociólogo, crítico literário, militante político, professor, Antonio Candido acreditava que o acesso aos livros deveria ser garantido a todas as pessoas. “Uma sociedade justa pressupõe o respeito dos direitos humanos”, disse no ensaio “O direito à literatura”, “e a fruição da arte e da literatura em todas as modalidades e em todos os níveis é um direito inalienável”.
A produção escrita do intelectual – que sempre teve como fundamento a busca por um texto acessível, ainda que mergulhado em assuntos complexos – é o foco desta publicação. Ela reúne tanto esboços quanto trabalhos finalizados: no primeiro caso, anotações sobre temas como o lugar do romance, ao longo da história, em meio às demais formas literárias; no segundo caso, críticas escritas no início dos anos 1940 para o jornal Folha da Manhã, sobre os livros de estreia de dois nomes até então pouco conhecidos: João Cabral de Melo Neto, que lançava os poemas de Pedra do sono, e Clarice Lispector, que publicava Perto do coração selvagem. “A intensidade com que sabe escrever e a rara capacidade de vida interior”, antecipou o crítico, analisando o romance de Clarice, “poderão fazer desta jovem escritora um dos valores mais sólidos e, sobretudo, mais originais da nossa literatura, porque esta primeira experiência já é uma nobre realização”.
Material editado em parceria com Duanne Ribeiro. Versão impressa distribuída gratuitamente para o público da exposição homônima, apresentada em 2018 no Itaú Cultural.